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Mar & Arte

Artesanato Urbano de Coisas Ligadas ao Mar (e outras)

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06.11.23

86 - Modelismo Naval 6.3 - Baleação – Os barcos da Baleação – O Bote Baleeiro de Nantucket


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 Caros amigos

 

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1 - Ilha de Nantucket

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2 – Um outro Bote Baleeiro

 

No início da colonização a caça era feita por “recolecção” de carcaças de baleias que davam à costa e mais tarde passou a ser feita junto à linha da costa com tipos de embarcações incaracterísticos.

Numa fase posterior, quando a caça já era feita com base no avistamento de baleias no mar alto, passou-se a caçar em barcos à vela de um mastro, chamados “saveiros” (que nada têm a ver com os saveiros da Costa da Caparica), que acabaram por evoluir para darem origem aos botes baleeiros usados na caça à baleia pelos navios baleeiros.

Os construtores dos botes baleeiros refinaram o "design" da embarcação, moldando-a de uma forma mais ágil e manobrável para chegar suficientemente perto de uma baleia e abatê-la.

O modelo de bote que aqui apresento está classificado como sendo originário da ilha de “Nantucket”, (1) Ilha onde nasceram muitos dos marinheiros que se dedicaram à baleação. Embora todos os botes baleeiros sejam muito parecidos, em muitos pormenores podem diferir uns dos outros, conforme a região da sua construção.

(1) O modelo que apresento já foi construído há muitos anos e é o resultado de uma “parceria” entre mim e o meu neto Tiago. A zona donde vem, recordo-me vagamente que era “Nantucket”, mas também poderia ser de outro lado qualquer.

Mais tarde um navio baleeiro era portador de três a cinco botes baleeiros balançando em turcos (guindastes usados nos navios para suspender os botes), e geralmente com mais dois (sobressalentes), que eram guardados no topo da estrutura ante a ré do mastro grande, no meio do navio.

Cada bote baleeiro era:

  • Leve e forte;
  • Aproximadamente com 30 pés de comprimento, e 6 pés de largura;
  • Afilado em ambas as extremidades;
  • Às vezes pintado em cores vivas na proa (frente) e na popa (traseira) para facilitar a identificação à distância, outras vezes com uma linha de cor diferente, bem visível, pintada de cada lado do casco;
  • Equipado com mastro, vela e leme, além de remos e pangaias (remos curtos e serviam para a aproximação final à baleia). Os remos eram extraordinariamente longos, variando de 16 a 22 pés de comprimento.

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3 – Preparados para arpoar

As linhas elegantes deram beleza a estes barcos, bem como velocidade e manobrabilidade. O seu design descomplicado tornava-os fáceis de reparar – o que era importante em viagens longas, porque os botes baleeiros eram frequentemente danificados durante encontros com baleias.

Cada bote baleeiro tinha uma tripulação de seis pessoas.

O mestre do barco, geralmente o capitão ou um dos oficiais, ficava num pedaço estreito de madeira na popa (traseira), manuseava o remo de direção ou o leme e comandava o barco. O arpoador remava no banco de proa e quatro tripulantes remavam com remos equilibrados, com comprimento diferentes para que o barco pudesse ser impulsionado igualmente bem por quatro ou cinco homens.

Cada bote baleeiro transportava:

  • Duas celhas de madeira, cada uma com 150 braças (900 pés) de linha de cânhamo enrolada cuidadosamente tomando-se cuidado para garantir que a linha se desenrolava sem dobras para evitar ferimentos nos tripulantes ou a perda da baleia;

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4 - Celha com a linha acondicionada, vendo-se as duas extremidades da linha, uma com um ilhós (esquerda) e a outra que prendia ao arpão.

  • Dois arpões, prontos para uso, e dois ou três sobressalentes;
  • Duas ou três lanças, ou lâminas sem farpa, usadas para matar a baleia;
  • Machado e facas para cortar a linha em caso de emergência;
  • Barril de madeira para beber água;
  • Um “piggin” - um pequeno balde para retirar a água do barco ou para molhar a linha presa ao arpão na baleia, se começasse a soltar fumo quando a linha corre rapidamente puxada pela presa ferida ao tentar escapar;
  • Uma caixa da lanterna com pederneira, lanterna, velas, pão, tabaco, cachimbos;
  • Bússola;
  • “Waif” - uma bandeira de haste longa usada para localizar uma carcaça flutuante à distância e para identificá-la para outros navios baleeiros;
  • Uma bóia de “arrasto” para tornar mais difícil para a baleia nadar;
  • Uma lança em espátula afiada à frente, (espeide) para abrir um buraco na cauda da baleia e rebocar a carcaça de volta ao navio;
  • Equipamentos diversos, incluindo âncora, bóia, etc.

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5 – Tripulantes Cabo-Verdianos embarcados num navio baleeiro (houve, no porto de New Bedford, um navio baleeiro cuja tripulação era totalmente constituída por Cabo-Verdianos, incluindo o Capitão)

 

 

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6 – O modelo do bote baleeiro visto por BB.

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7 – A proa do bote vista de cima. De notar no cabo do remo mais próximo 3 riscos que assinalavam o lugar do remo, neste caso, o terceiro banco.

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8 – Um arpão com farpa dupla. Os arpões, as lanças e os “espeides” eram usados encaixados num tronco grosso de madeira

 

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9 – Uma lança

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10 – A popa do bote visto por estibordo. Destaca-se o leme usado quando se navegava à vela e o apoio para o remo de direcção que se encontra a bombordo do bote. No meio do tabuado que protege o interior da popa, pode-se ver um toro de madeira aprumado, que servia para controlar a tensão e a velocidade de saída da linha puxada pela baleia-

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11– A meia-nau do bote vista de cima. Destaca-se o mastro encaixado num orifício (enora) articulado por uma dobradiça, o que permitia o seu “abate” quando se navegava a remo. Este mastro assentava numa cavidade no fundo do bote.

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12 – O mesmo mecanismo (galandréu) que suportava o mastro.

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13 – Dois pares de remos emparelhados e arrumados bem como três dos bancos dos remadores. De notar o pequeno balde que servia para molhar a linha que ligava o arpão ao bote depois da baleia arpoada que corria da selha com muita velocidade e evitava que se rompesse pelo atrito.

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14 – A proa do bote onde se destacam dois arpões e a fateixa com a sua amarração. O troço de madeira quase encostado a bombordo, servia para manobras com a linha do arpão, se necessárias.

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15 – Na popa do bote situa-se o leme para navegar à vela, o apoio para o remo de "esparrela" usado durante a aproximação e um cabeçote que servia para prender a escota da vela.

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16 – Diversos remos emparelhados e, na borda de EB notam-se duas forquetas (rolotas na terminologia Açoriana) para encaixar os remos.

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17 – Duas celhas que contêm a linha do arpão situadas á proa. A linha saía da celha directamente para a popa onde dava duas voltas no ”logaête”  (corruptela em português - açoreano -  para a terminologia inglesa "logger head" )que permitia controlar a velocidade e a tensão da mesma quando a baleia era aproada. De notar novamente, a tábua do “alvaçus”  com o entalhe para suporte da coxa do arpoador quando do arremesso do arpão.

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18 – O bote visto pela alheta de BB

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 19 – O bote visto pela amura de EB

 

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20 – Um tipo diferente de bote baleeiro.

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21 – Um outro tipo de bote baleeiro.

 

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22 – Turcos para suspensão dos botes num barco baleeiro. O que se encontra mais próximo devia ser a “Canoa do Capitão”. O do fundo é um bote baleeiro.

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23 – Arrumação dos botes baleeiros num navio baleeiro. Nota-se perfeitamente por debaixo da quilha dos botes duas defensas “escorregas” que serviam para proteção do bote e do casco do navio, nas manobras de arriar e suspender os botes.

E por hoje é tudo. 

(continua)

Um Abraço e ...

Bons Ventos