12.05.22
60 - Modelismo Naval 6.2.4 - Baleação - Uma mini-história
marearte
Mapa da Virgínia de 1608 desenhado pelo capitão John Smith
A partir de 1607, o capitão John Smith começou a explorar e descrever a Baía de Chesapeake e seus afluentes. Esse mapa, publicado em 1612, tornar-se-ia o principal recurso cartográfico da região por quase sete décadas. Cruzes pretas marcam os locais onde a navegação de Smith foi interrompida. Para explicar o terreno da carta, Smith se baseou em descrições e relatos dos nativos Powhatan.
Cortesia da Biblioteca de Mapas do Congresso, Divisão de Mapas USA
(continuação)
Caros amigos
Linha de Tempo da Baleação Americana
No anterior Post desta série, o 59, tínhamos deixado o capitão John Smith a descer o Tamisa com os seus companheiros em 1614, com destino ao Sul.
O capitão Smith ainda não tinha entrado nesta história e convém ser apresentado.
1 - O capitão John Smith e “Pocahontas” 1607 - 1614
Smith tinha 34 anos quando embarcou nesta segunda viagem para a América. Anos esses de uma vida aventureira e assaz complicada.
John Smith foi batizado a 6 de janeiro de 1580 (a data de nascimento é desconhecida) e faleceu em 21 de junho de 1631. Foi um militar inglês, aventureiro, explorador, governador colonial, almirante da Nova Inglaterra e escritor. Um homem dos sete ofícios.
Capitão John Smith – Estátua em Jamestown
Desempenhou um papel importante no estabelecimento da colonia em Jamestown, Virgínia, o primeiro assentamento inglês permanente na América, no início do século XVII. Foi um líder da Colônia da Virgínia entre setembro de 1608 e agosto de 1609, e liderou uma exploração ao longo dos rios da Virgínia e da Baía de Chesapeake, durante a qual se tornou o primeiro explorador inglês a mapear a área desta baía.
Mapa Físico dos rios da Virgínia e da Baía de Chesapeake
Nestes trinta e quatro anos de vida, atravessou a Europa, sobreviveu a um naufrágio, lutou pelos holandeses contra os espanhóis e pelos húngaros contra os turcos, venceu três homens em duelo, foi ferido em batalha duas vezes, foi feito escravo por um paxá turco, ajudou a fundar Jamestown, na Virgínia, América e, "the last but not de least" foi amigo, tutor e protetor da princesa india “Pocahontas”.
Pocahontas – uma "Estória" mal contada
Pocahontas, nascida Matoaka, conhecida depois como Amonute (Werowocomoco, c. 1594 – Gravesend (Inglaterra), 21 de março de 1617) foi uma ameríndia, filha de Wahunsunacock (conhecido também como Chefe Powhatan) que governava uma área que abrangia quase todas as tribos do litoral do estado da Virgínia (região chamada pelos índios de Tenakomakah).
Pocahontas casou-se com o inglês John Rolfe, tornando-se uma celebridade no fim de sua vida.
A vida de Pocahontas deu margem a muitas lendas. Tudo que se sabe sobre ela foi transmitido oralmente de uma geração para outra, de modo que sua real história permanece controversa.
A história conta que ela salvou o inglês John Smith, que iria ser executado pelo seu pai em 1607. Possivelmente seria morto, mas Pocahontas interveio, conseguindo convencer o pai que a morte de John Smith atrairia o ódio dos colonos
Nessa época, Pocahontas teria apenas entre dez e onze anos de idade. Smith era um homem de meia-idade, de cabelos castanhos, de barba e cabelos longos. Ele era um dos líderes colonos e, em 1607, fora raptado por caçadores Powhatan.
Graças a esse evento (e a mais duas oportunidades em que Pocahontas voltou a salvar a vida dos colonos), os Powhatans fizeram as pazes com os colonos.
Ao contrário do que dizem os romances sobre as suas vidas, Pocahontas e Smith nunca se apaixonaram. Smith serviu como um tutor da língua e dos costumes ingleses para Pocahontas. Em 1609, um acidente com pólvora obrigou John Smith a ir tratar-se na Inglaterra, mas os colonos disseram a Pocahontas que Smith teria morrido.
A verdadeira história de Pocahontas tem um triste final. Em 1612, com apenas dezassete anos, ela foi aprisionada pelos ingleses enquanto estava numa visita social e foi mantida na prisão de Jamestown por mais de um ano. Durante o período de captura, o inglês John Rolfe demonstrou um especial interesse na jovem prisioneira.
Como condição para Pocahontas ser libertada, ela teve de se casar com Rolfe, que era um dos mais importantes comerciantes ingleses no setor de tabaco. Pocahontas passou um ano prisioneira, mas tratada como um membro da corte.
Alexander Whitaker, eclesiástico inglês, ensinou o cristianismo e aprimorou o inglês de Pocahontas e, quando este providenciou seu batismo cristão, Pocahontas escolheu o nome de Rebecca. Logo após isso, ela teve seu primeiro filho, a qual deu o nome de Thomas Rolfe. Os descendentes de Pocahontas e John Rolfe ficaram conhecidos como Red Rolfes.
Pocahontas pintada por Simon Van de Passe em 1616
Em 1616, Rolfe, Pocahontas e Thomas viajaram para Inglaterra. Junto a eles, também viajaram onze membros da tribo Powhatan, incluindo o sacerdote Tomocomo. Na Inglaterra, Pocahontas descobriu que Smith estava vivo, mas não pôde encontrá-lo, pois estava viajando. Mas Smith mandou uma carta à rainha Ana, pedindo que fosse tratada com nobreza. Pocahontas e os membros da tribo tornaram-se imensamente populares entre os nobres e, em determinada altura, Pocahontas e Tomocomo encontraram-se com o rei James, que simpatizou com ambos.
Em 1617, Pocahontas e John Smith reencontraram-se. Smith escreveu num dos seus livros que, durante o reencontro, Pocahontas não lhe disse uma palavra mas, quando tiveram a oportunidade de conversar sozinhos por horas, ela declarou estar dececionada com ele, por não a ter ajudado a manter a paz entre sua tribo e os colonos.
Meses depois, Rolfe e Pocahontas decidiram retornar à Virgínia, mas uma doença de Pocahontas (provavelmente a varíola, pneumonia ou tuberculose) obrigou o navio em que estavam a voltar para Gravesend, em Kent, na Inglaterra, onde Pocahontas morreu.
Após sua morte, diversos romances sobre sua história foram escritos, sendo que todos retratavam um romance entre Smith e Pocahontas. A maioria, ainda, tratava John Rolfe como um vilão, que teria separado os dois e casado com Pocahontas à força. Apesar de sua fama, as representações encontradas sobre Pocahontas sempre foram de caráter fantasioso, sendo a mais real figura de Pocahontas a pintura de Simon Van de Passe, que foi feita em 1616.
Hoje em dia, muitas pessoas tentam associar a sua árvore genealógica a Pocahontas, incluindo o ex-presidente George W. Bush, mas na verdade ele será descendente apenas de John Rolfe. Fonte: Wikipédia
John Smith partiu para o mar aos 16 anos depois que seu pai morreu. Serviu como mercenário no exército de Henrique IV da França contra os espanhóis, lutando pela independência holandesa do rei Filipe II da Espanha .
Depois foi para o Mediterrâneo, onde se envolveu no comércio e pirataria, e mais tarde lutou contra os turcos otomanos na Longa Guerra Turca . Foi promovido a capitão de cavalaria enquanto lutava pelos Habsburgos austríacos na Hungria na campanha de Miguel, o Bravo , em 1600 e 1601. Após a morte de Miguel, o Bravo, lutou por Radu Șerban na Valáquia contra o vassalo otomano Ieremia Movilă, príncipe da Moldávia.
Radu Șerban da Valáquia
Em 1602 foi ferido numa escaramuça pelos tártaros da Crimeia, capturado e vendido como escravo, tendo sido levado para a Crimeia de onde escapou para a Moscóvia, e posteriormente atravessou parte da Europa com destino ao norte de África e daqui retornou à Inglaterra em 1604.
A partir de 1606, foi iniciada a colonização da América pelos ingleses com base em duas companhias privadas a saber: a Companhia de Plymouth a qual estava incumbida da colonização da parte sul da costa Atlântica do território que posteriormente veio a integrar o atual país dos Estados Unidos da América e a Companhia de Londres que tinha por incumbência colonizar a parte norte. Para o capitão John Smith era “ouro sobre o azul” esta nova aventura da colonização.
Réplicas do “Susan Constant”, do “Godspeed” e do “Discovery” no cais em Jamestown
Em 14 de Maio de 1607, três navios ingleses, o “Susan Constant”, o “Godspeed” e o “Discovery”, que tinham partido de Londres em 20 de Dezembro de 1606 com aproximadamente 144 colonos e marinheiros (entre eles encontrava-se John Smith), desembarcaram numa baía da costa atlântica da América e estabeleceram o primeiro assentamento colonial na América do Norte, em nome da Companhia da Virgínia de Londres, assentamente esse que seria chamado de “Jamestown” em honra do rei inglês James I.
James I - Inglaterra
As companhias que atuavam nesta “colonização” deviam obediência à coroa Inglesa tendo, no entanto, liberdade de gestão para fazerem o que muito bem entendessem.
Durante a viagem, nas Canárias, onde a esquadra tinha fundeado para aguada, John Smith foi acusado de motim e preso pelo comandante da esquadra capitão Cristopher Newport, situação essa em que fez o resto da viagem para a América. O comandante da esquadra tencionava enforcá-lo logo que chegassem a terra.
O primeiro desembarque na América foi em “Cape Henry” a 26 de Abril de 1607.
“Cape Henry” localiza-se, no mapa abaixo, na parte Sul da barra de entrada para “Chesapeake Bay”
“Jamestown” localiza-se num braço de mar, logo à entrada da Baía de “Chesapeake” no atual Estado da Virgínia
Neste desembarque foi aberta uma “carta de prego” da Companhia da Virgínia de Londres designando o capitão John Smith como um dos líderes da nova colónia, poupando-o assim à forca. Sorte de aventureiro! É de notar que John Smith não era nobre por nascimento o que lhe acarretava ouma certa animosidade por parte de outros colonos, que eram nobres por nascimento, mas sem dinheiro.
Desembarque dos colonos em Jamestown
Em 28 de Maio de 1607 os colonos, após um ataque dos indígenas, iniciaram a construção de um forte.
Início da construção do Forte de Jamestown 28 de Maio de 1607
Forte concluído em Jamestown – Virgínia a 15 de Junho de 1607
Em 15 de Junho de 1607 os colonos terminaram a construção do forte e o comandante da frota, capitão Christopher Newport, retornou para a Inglaterra deixando em terra 104 colonos com alimentos suficientes só para cada um ter direito diariamente a um caneca de farinha. Todos os dias alguém morria devido às condições insalubres do local (o sítio era pantanoso) e a doenças generalizadas. Em Setembro, dos 104 que tinham deixado a Inglaterra só 44 estavam vivos. Entre eles encontrava-se o capitão John Smith.
No início Janeiro de 1608, perto de 100 novos colonos chegaram, vindos no “First Supply” comandado pelo capitão Newport. Nessa altura, por negligência, a aldeia do colonato que estava a ser construída ardeu completamente. O rio James congelou e a comida era cada vez mais escassa. John Smith escreveu que “mais da metade de nós morreu”.
Réplica de uma chalupa, como a usada pelo capitão John Smith para fazer a primeira exploração europeia detalhada da baía de Chesapeake.
Museu Marítimo da Baía de Chesapeake
No Verão de 1608, Smith deixou Jamestown e foi fazer a exploração da Baía de Chesapeake tendo efetuado um levantamento topográfico que esteve em uso por mais de cem anos. Na sua ausência ficou em seu lugar um seu amigo, Matthew Scrivener, que se revelou incapaz de liderar a colónia. Em Setembro de 1608 o capitão John Smith foi eleito presidente do conselho local.
Em Outubro de 1608 chegou, no mesmo navio e com o mesmo comandante, um carregamento de suprimentos e 70 novos colonos, artesãos eslovacos, polacos e alemães e as primeiras mulheres a chegarem à colónia. Mas, nada de mantimentos.
Estes fretes vindos da Inglaterra eram pagos em matérias-primas pelas colónias. Este deveria ser pago por Smith ao comandante Newport com piche, alcatrão, tábuas serradas, cinza de sabão e vidro, donde se depreende que eram materiais produzidos pelos colonos.
Atmosfera de contestação entre colonos, a maioria nobres aventureiros que iam para o novo mundo, não para trabalhar mas para “enricar”
Entre os colonos, na altura lavrava um início de revolta, uma espécie de greve ao trabalho, com alguma razão, já que as condições de sobrevivência eram péssimas. Continuava a existir uma grande carência de alimentos e, embora as relações com os índios ameríndios fossem mais ou menos cordiais – os índios já tinham ajudado com algum alimento – Smith exigiu aos índios, com ameaça de força militar, que lhe fornecessem alimentos (milho).
Índios de Jamestown
Na altura também descobriu que havia uma conspiração entre colonos descontentes e índios no sentido de lhe tirarem a vida, tendo sido avisado por Pocahontas. John Smith convocou uma reunião e ameaçou os colonos de lhes cortar as rações – “aquele que não trabalhar não come”.
Em Dezembro de 1608 Smith andava à procura de comida ao longo do rio e foi capturado por índios chefiados por “Opechancanough” irmão do chefe Powhatan, irmão mais velho do captor, tendo sido levado para a aldeia de “Werowocomoco” da Confederação Powhatan. Aparentemente os índios pretendiam "iniciar" John Smith como membro da tribo mas as cerimónias tinham ares de uma execução ritual. possivelmente foi Pocahontas que o conseguiu salvar. Ou talvez não! O que aconteceu depois é bastante confuso, ao ponto de só estar claro que nada aconteceu a Smith, já que continuou vivo.
O ano de 1608 ainda tem um episódio difícil de localizar no tempo – mês e dia - que diz respeito a Pocahontas e que aparentemente está ligado a este rapto.
Pocahontas impede a morte de John Smith
“Pocahontas salvou Smith pela segunda vez. O chefe Powhatan convidou Smith e alguns outros colonos para Werowocomoco em termos amigáveis, mas Pocahontas veio à cabana onde eles estavam hospedados e os avisou que Powhatan estava a planear matá-los. Eles ficaram em alerta mas o ataque nunca veio.”
Smith, General Historie
Na primavera de 1609 a localidade de Jamestown prosperava, com muitas moradias construídas, terras agrícolas limpas e muitos outros trabalhos realizados quando apareceu uma praga de ratos que, em conjunto com a humidade destruiu todo o milho que se encontrava nos armazéns.
Sem comida, Smith mandou um grande grupo de colonos para o rio pescar e apanhar marisco, que voltaram sem nada mas dispostos a usar as escassas rações ainda disponíveis. Smith irritou-se e mandou-os trocar com os índios as armas e ferramentas pessoais por alimentos e disse-lhes que “ou trabalhavam ou eram banidos”.
Desembarque de colonos em Jamestown
A política da Companhia era enviar o mais possível de colonos para Jamestown sem cuidar das condições que eram da conta de Smith, que começou a ficar farto de tanto problema. Sem condições, recebeu 300 novos colonos em Agosto de 1609.
Em Setembro de 1609, quando se encontrava a navegar na sua chalupa, uma explosão da pólvora do polvorinho que tinha à cintura feriu-o gravemente numa perna.
Em Outubro de 1609 viajou para a Inglaterra para tratamento onde chegou em Novembro desse mesmo ano. Não se sabe quanto tempo demorou a recuperação pois a ferida, segundo rezam os livros, ia-lhe levando uma perna,
A Inglaterra, na altura, assistia ao início da sua expansão como potência baleeira que pretendia rivalizar com as outras nações da Europa entre elas a Holanda e os Bascos.
Selo da Companhia de Moscóvia, mostrando a data de 1555 acima de um escudo de armas
A “Moscovia Company”, que já conhecemos do Post 59 e que tinha sede na altura em Londres, tinha financiado em 1607 uma expedição de Henry Hudson para descobrir a “Rota do Norte para o Extremo Oriente”, coisa que ele não fez pois não conseguiu romper o campo de gelo do mar Ártico. Em compensação, descobriu nas águas da ilha de “Spitsbergen” um campo de caça de Baleias da Groenlândia que lhes proporcionou um enorme rendimento durante dois anos em que enviaram para o local uma frota de baleeiros a partir de 1610.
O êxito da companhia não passou despercebido às outras nações rivais e, em 1613 o exclusivo da Companhia, que nunca foi pedido, foi “assaltado” pelos Holandeses que também queriam participar no banquete, seguidos por outras nações.
Quando a frota da companhia chegou ao mar de Barents, já por lá navegavam os holandeses. Geraram-se vários acidentes mas prevaleceu o bom senso no final e acordaram que podiam dividir os campos pelas duas frotas.
- Willem Barentsz (Terschelling, Ilhas Frísias, ca. 1550 — Nova Zembla, 20 de junho de 1597) foi um navegador holandês que explorou as regiões do Oceano Ártico em busca de uma passagem que permitisse atingir o Extremo Oriente através de uma rota circumpolar. Empreendeu três expedições, explorando a costa norte da Escandinávia, o mar da Carélia (hoje Mar de Barentsz em sua homenagem) e atingiu as costas das ilhas de Nova Zembla e de Spitsbergen, sendo o primeiro europeu a dar notícias seguras da sua existência e características. Fonte; Wikipédia
Não existe notícia do que John Smith fez durante o período de chegada à Inglaterra em Novembro de 1609 até Março de 1614 a não ser que publicou duas obras em Oxford: “A Map of Virginia with a Description of the Countrey” que inclui o mapa por ele desenhado “Virginia: Discovered and discribed” e ”The Procedings of the English Colonie in Virginia”.
No entanto podemos especular que, com o seu espírito aventureiro nada destas “atrativas aventuras baleeiras” lhe foi desconhecido.
O capitão Smith, durante a sua permanência na Virgínia, não teve grande contato com baleias já que, muito raramente, apareciam pela entrada baía de Chesapeake que foi a área onde ele navegou. No entanto, já tinha conhecimento da baleação nas costas da América com base em relatos de outros exploradores/viajantes por outras zonas.
Em 1602, por altura da primavera, Bartholomew Gosnold partiu de Falmouth – na Cornualha, na ponta Sul da Grã Bretanha – com destino ao Novo Mundo com a intenção de fundar uma colónia, tendo-se dirigido para uma costa onde sabia que o bacalhau era abundante nas suas águas. Os europeus já pescavam bacalhau para a sua alimentação. Incluíndo os portugueses. Ele e os companheiros desembarcaram na ilha Cuttyhunk, onde encontraram, ao longo da praia, “muitos ossos e costelas de baleias enormes”.
A ilha de “Cuttyhunk” na costa do Maine – Massachusetts
Em 1605, George Waymouth, também inglês, partiu para a América tendo avistado terra por alturas de Cape Cod tendo continuado a navegar para o norte ao longo da costa do Maine.
A costa da Nova Inglaterra - Nantucket para Norte
Carta marítima de 1776, abrangendo de Sul para Norte: Nantucket, Martha’s Vineyard, Cape Codd Bay, Boston Harbour, Cape Anne, Isles of Shoals, Cape Noddick Nubble, Casco Bay, Penobscot Bay, Frenchmans Bay, Machiny Bay.
Latitude 40▫ 20’ N a 44▫ 50’ N
Longitude 67▫ 10’ a 71▫ 30’
Waymouth, além de avistar baleias, trouxe uma história de caça à baleia pelos Índios narrada por um dos seus homens:
“Uma coisa especial é a sua maneira de matar a baleia, que eles chamam de <Powdawe>, o que descreve a sua forma de soprar a água; e que ela tem 12 braças de comprimento; e que eles vão em companhia do seu rei com uma multidão de seus barcos, e a ferem com um osso feito de ferro de harpa amarrado a uma corda, que eles fazem grande e forte com a casca das árvores, que eles estendem atrás dela; então todos os seus barcos a cercam e, subindo ela sobre as águas, com suas flechas a matam; quando a matam e arrastam para a praia eles chamam todos os seus principais senhores juntos e cantam uma canção de alegria.”
In: ROSIER, James, Prosperous Voyage, March of America Facsimile Series 17 (1605, reprint, Ann Arbor, MI: University Microfilms, 1966).
Toda esta informação se encontrava disponível para John Smith e é fortemente plausível, por iniciativas que ele tomou, que tivesse adquirido este conhecimento.
De uma forma escrita ou transmitidas oralmente, estas “estórias” – incluindo as informações contidas nos textos do capitão John Smith – devem ser encaradas de uma forma criteriosa pois muitas das vezes são resultado de “ligeiras invenções” com pouca ou nenhuma confirmação.
É o caso desta Estória da caça à baleia pelas tribos aborígenes da América do Norte, antes da chegada dos colonos, como prática normal de procura de alimentos. Na realidade, até hoje e no que diz respeito à caça de baleias, não existem nenhumas evidências arqueológicas que tal fosse praticado pelos índios americanos que, como qualquer outro povo habitante das costas marinhas, conhecia as baleias e alimentava-se delas, das que apareciam arrojadas na costa, já mortas ou que lá morriam, o que é um fato confirmado. A caça à baleia não era uma prática normal das tribos aborígenes da América do Norte (com exceção dos povos “inuit”, no norte da América do Norte).
Após o advento da baleação, trazida pelos colonos ingleses – e não só – o mesmo já não se pode dizer pois, os índios “Wampanoag” – zona da costa sul de Massachusetts – integraram as tripulações baleeiras e desempenharam funções na baleação de uma forma competente, como tripulantes indiferenciados nos botes e barcos baleiros, passando pelas atividade de transformação e aproveitamento da baleia e inclusive, até no comando de navios baleeiros.
Amos Haskins
Índio Wampanoag navegou em seis viagens baleeiras entre 1839-1861, quando se perdeu no mar. Foi subindo na hierarquia até que, em 1851, foi nomeado mestre da barca ”Massasoit”
Assim, em 1614, o capitão John Smith sabia que nas costas do Norte da Virgínia havia baleias com fartura com as quais, tanto ele como quem o apoiasse, poderiam enriquecer.
Com esta motivação como base, aliada ao seu espírito aventureiro, procurou quem estivesse interessado no financiamento de uma expedição ao Novo Mundo, para exploração e potencial colonização de uma vasta área, situada entre os paralelos 38▫ e 45▫ de latitude Norte, a norte da Virgínia, área essa que tinha sido autorizada para colonização pelo rei Jaime I da Inglaterra, em 1606.
E encontrou interessados nas pessoas de Marmaduke Roydon, George Langam, John Buley e William Skelton que financiaram a viagem de Smith para aquela zona da parte norte da Virgínia, que ele mais tarde batizaria de Nova Inglaterra.
- Marmaduke Roydon – Sir Marmaduke Roydon (também Rawdon e Rawden, com Royden uma ortografia contemporânea) (1583 - 28 de abril de 1646) foi um comerciante-aventureiro inglês e plantador colonial, também conhecido como um oficial do exército da monarquia. Fonte:Wikipédia
Mais tarde Smith escreveu: “Como eu gostava muito da Virgínia, embora não gostasse dos seus procedimentos, desejei também ver este país e passar algum tempo tentando explorar o que pudesse encontrar.”
Nunca mais voltou à Virgínia mas …
…voltou ao Novo Mundo
(continua)
Bons Ventos e…
Um abraço