05.11.22
68 - Modelismo Naval 7.2.3 - Dois mini Barcos - Caravela Latina de Três Mastros
marearte
(continuação)
Caros Amigos
Caravela Latina de 3 Mastros
O Modelo
1- Primeiro, chamam-se pelo nome e só depois é que se constroem.
2 - O Modelo da Caravela tem 10 cm entre perpendiculares (sem incluír o "botaló").
3 - Nesta vista pelo "través" de estibordo ,pode-se observar, indo da popa para a proa, o dito "botaló" (aquele "pau" espetado na popa), o Castelo de Popa, composto pela "tolda" com 3 "janelas-vigia" onde se encontram a cana do leme, as instalações do "capitão" e dos "oficiais" e "paióis" diversos e que é encimada por por uma "alcaçova" aberta, delimitada por uma "mareagem" simples.
Pode-se também observar a existência de uma "cinta" ao longo de todo o casco, bem como uma pequena escada de corda,
Os "brandais" que sustentam os mastros para os bordos, estão ligados diretamente ao convés pelo interior da amurada, ao contrário dos navios de pano redondo cujos mastros são sustentados, também para os bordos, pelas "enxárcias", que ligam ao casco pelo exterior do mesmo nas chamadas "mesas das enxárcias".
Mais para a proa, encontra-se colocada uma das duas âncoras (a outra é a de bombordo), que aguentam o navio enquanto fundeado.
4 - As "Cruzes de Cristo" que ornamentam as velas, só aparecem pela primeira vez nos navios portugueses na armada de Pedro Álvares Cabral e daí em diante todas as velas das naus e caravelas portuguesas dos descobrimentos, as ostentaram. No entanto, segundo os especialistas, a "Cruz de Cristo" tinha sobre o vermelho,(formato Latino) uma outra cruz branca, chamada de "Cruz Grega" (formato Grego), o que não está aqui reproduzido.
O símbolo da Ordem de Cristo (que aparece em Portugal após a extinção dos Templários cujos cavaleiros foram acusados de tudo e de mais alguma coisa), é a mesma cruz vermelha de braços abertos, sobre a qual foi colocada uma Cruz Grega. A mensagem era simples: "Estes são os Cavaleiros do Templo que estão inocentes (Cruz Grega colocada em cima da vermelha)". É daí que nasce a Cruz da Ordem de Cristo que conhecemos.
A 25 de maio de 1420, o papa Martinho V emitiu a bula "In apostolice dignitatis specula," pela qual nomeava o Infante D. Henrique, " o Navegador", como Administrador Geral da Ordem de Cristo, após a morte do Grão Mestre D. Lopo Dias, ordem e homem que contribuiram grandemente para os Descobrimentos. E por isso, a "Cruz de Cristo" passou a fazer parte da "decoração" das velas dos navios dos descobrimentos.
Pode-se reparar que as "escotas" das velas dos mastros "Grande" e da "Mezena" que se encontram do lado de sotavento, vão folgadas e a da "Contra Mezena", por ser única, vai tesada.
Também se podem observar os "guardins" de estibordo dos 3 mastros.
5 - A caravela, à "bolina", prestes a iniciar o "virar por davante" para mais um bordo.
6 - Início da manobra, a afastar-se da linha do vento...
7 - ... mais uns graus...
8 - ... pano sobre e leme de "ló"...
9 - ... e a navegar no novo bordo.
Mudança de bordo realizada movendo as vergas da caravela, que trabalham sobre os brandais, para bombordo por ante a vante dos mastros, passando este bordo a ser o bordo de sotavento.
É claro que isso só aconteceu nesta "narrativa" pois para ser "real" , era necessário que as velas estivessm enfunadas ao contrário.
10 - A caravela vista a 3/4 do través de bombordo. Os pormenores do casco são os mesmos de estibordo, mas em sentido contrário.
Pode-se observar no convés as "orças" ligadas aos "carros" das "vergas" bem como os "brandais" que sustentam os mastros no sentido dos bordos. No "Castelo de Popa" vê-se nitidamente a "alcaçova" aberta e a "mareagem" que a delimita, bem como as duas escadas de acesso do convés, uma a bombordo e outra a estibordo.
11 - Os "guardins" de bombodo dos mastros do Grande, da Mezena e da Contra Mezena, que fixam as vergas pelas "antenas" no convés aparecem nitidamente localizados. Também o "botoló" se destaca com o aparelho da "escota" da Contra Mezena.
12– O © do “estaleiro”.
13- Vista da alheta de bombordo, com o leme no "painel de popa".
14 - Na proa do navio, no convés, aparece um "molinete" com a função de alar/largar as âncoras . O cabo de alar/largar era recolhido num paiol por debaixo do convés com acesso pela escotilha que se vê ante a ré do "molinete". A estrutura do Castelo de Proa é inexistente e a "abita" (alojamento dos marinheiros à proa) ficaria junto ao paiol da àncora, com acesso pela mesma escotilha ou pela outra, ante avante da base do Mastro Grande.
15 - Neste plano vê-se a ampla entrada para a tolda no Castelo de Popa que se encontrava dividida num espaço amplo de circulação e trabalho onde se encontrava o sistema de direção do navio e, de cada um dos lados, divisões usadas para diversos fins, incluindo os alojamentos dos oficiais.
16 - A viagem de retorno para Lisboa, carregada de especiarias, a zarpar de "Calicute".
17 - Pronta para enfrentar a passagem do Cabo da Boa Esperança para o Atlântico.
18 - A passar o Equador, para o Norte, com falta de vento.
19 - Na "Volta do Mar", ao largo dos Açores.
20 - Prestes a fundear ao largo da "Ribeira das Naus", em Lisboa.
21 - A "tercena", o "mestre carpinteiro" e a pequena "obra" que, por ser pequena, convêm dizer onde está - no lado direito da fotografia.
Esta "temporada", dedicada aos "Barcos dos Descobrimentos" termina aqui, com este Post.
Possivelmente, só haverá outras séries de "Barcos dos Descobrimentos" lá para o próximo ano já que quero acabar a série sobre "Baleação" e ainda faltam bastantes coisas.
De qualquer forma, deu-me gozo trabalhar com estes mini-barcos que, embora sejam "fixes", saem fora dos cânones do modelismo naval, principalmente em termos de pormenores que, devido ao tamanho, na maior parte das vezes não "cabem" e as escalas são bastante difíceis de estarem correctas.
Ao fazer estas duas caravelas veio-me à ideia que seria interessante montar um "diorama" sobre um mapa do mundo, representando as diversas viagens efetuadas durante os descobrimentos com os modelos dos "Barcos dos Descobrimentos", Começando com uma "Barca" e percorrendo uma escala de tempo obedecendo ás épocas do aparecimento dos diferentes navios - "Barinel", "Caravela de 2 Mastros", "Caravela de 3 Mastros", "Caravela Redonda", "Nau" e "Galeão". É capaz de ser interessante. Assim eu ainda tenha tempo!
E é tudo, por agora. O meu obrigado pela paciência.
Bons ventos e...
Um Abraço.
(conclusão)