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Mar & Arte

Artesanato Urbano de Coisas Ligadas ao Mar (e outras)

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Artesanato Urbano de Coisas Ligadas ao Mar (e outras)

10.10.22

63 - Modelismo Naval 6.2.6.2 - Baleação - Uma mini-história


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(continuação) do Post 62

Caros amigos

 

Linha de Tempo da Baleação Americana

 

2.3 - As treze colónias Inglesas na América do Norte             1607 - 1732

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As  Treze Colónias, também conhecidas como Treze Colónias Britânicas ou Treze Colónias Americanas eram um grupo de colónias britânicas na costa atlântica da América do Norte, fundadas nos séculos XVII e XVIII, que declararam a sua independência em 1776 formando os Estados Unidos da América.

As Treze Colónias tinham sistemas políticos, constitucionais e legais muito semelhantes e a maior parte de população falava a língua inglesa e faziam parte da igreja protestante. Elas faziam parte da América Britânica, possessões britânicas "Novo Mundo", que também incluía colónias no Canadá, Flórida e Caribe.

A população colonial de origem europeia cresceu de cerca de 2000 para 2,4 milhões entre 1625 e 1775, deslocando os índios americanos para o interior. Essa população incluía pessoas sujeitas a um sistema de escravidão que era legal em todas as colónias antes da Guerra Revolucionária Americana- No século XVIII, o governo britânico geriu as suas colónias sob uma política de mercantilismo, na qual o governo central administrava os  bens das colónias para benefício próprio.

As Treze Colónias tinham um alto grau de autogoverno e eleições locais ativas, e resistiram às exigências de Londres por mais controlo. A Guerra Franco-Indígena  (1754-1763) levou a crescentes tensões entre a Grã-Bretanha e as Treze Colónias. Durante a década de 1750, as colónias começaram a colaborar entre si em vez de lidar diretamente com a Grã-Bretanha. Essas atividades intercoloniais cultivaram um senso de identidade americana compartilhada e levaram a pedidos de proteção dos "Direitos como ingleses" dos colonos, especialmente o princípio de "não tributação sem representação". As rixas com o governo britânico levaram à Revolução Americana, na qual as colónias colaboraram na formação do Congresso Continental. Os colonos travaram a Guerra Revolucionária Americana  (1775-1783) com a ajuda do Reino da França e, num grau muito menor, da República Holandesa e do Império Espanhol.

A sua formação iniciou-se em 1606, quando o rei James I da Inglaterra concedeu fretamentos à Plymouth Company e à London Company com o objetivo de estabelecer assentamentos permanentes na América. Para atrair pessoas, essas companhias lançaram uma propaganda prometendo terras férteis àqueles que embarcassem para a América. Na Inglaterra, essa propaganda atraiu degredados, aventureiros, mulheres pobres (vendidas aos colonos como esposas) e camponeses sem terra que vinham trabalhar como servos temporários (camponeses que se comprometiam a trabalhar gratuitamente por 4 ou 5 anos na propriedade americana da pessoa que havia pago a sua passagem para a América). Durante todo o século XVII, os servos temporários constituíam a maioria dos trabalhadores das colónias inglesas, mas havia também grupos protestantes (puritanos, batistas, presbiterianos, anglicanos e outros) que fugiam da Europa devido à perseguição política e religiosa movida pelos diferentes governos dos seus países. A London Company estabeleceu a Colónia e Domínio da Virgínia em 1607, a primeira colónia inglesa permanentemente estabelecida no continente. A Plymouth Company fundou a Colónia Popham no rio Kennebec, mas teve vida curta. Essa época foi marcada por intensos conflitos entre os ingleses e os povos indígenas da região. O povoado de Jamestown, na Virgínia  (1608), primeiro povoado inglês bem-sucedido na América do Norte, foi erguido nas terras tomadas dos índios Powhatans, (na atual área da Baía de Chesapeake) que acabaram sendo dizimados. O Conselho da Plymouth para a Nova Inglaterra patrocinou vários projetos de colonização, culminando com a Colónia Plymouth em 1620, que foi estabelecida por separatistas puritanos ingleses, hoje conhecidos como "Pilgrims"

Os holandeses, suecos e franceses também estabeleceram colónias americanas bem-sucedidas aproximadamente ao mesmo tempo que os ingleses, mas acabaram por ficar sob domínio da coroa inglesa. As Treze Colónias foram concluídas com o estabelecimento da Província da Geórgia em 1732, embora o termo "Treze Colónias" só se tenha tornado popular apenas no contexto da Revolução Americana.

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Declaração da Idependência dos Estados Unidos da América

Em Londres, a partir de 1660, todas as colónias eram governadas por um departamento estatal conhecido como "Southern Department", e uma comissão do Conselho Privado chamado "Commissioners for Trade and Plantations". Em 1768, um departamento estatal específico foi criado para a América, mas foi dissolvido em 1782, quando o "Home Office" assumiu a responsabilidade.

As Treze Colónias foram fundadas entre 1607  (Virgínia) e 1733  (Geórgia). Documentos contemporâneos geralmente listam as 13 Colónias Norte-Americanas do Reino da Grã-Bretanha em ordem geográfica, do Norte para o Sul:

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Mapa das Treze Colónias em 1775

Colónias do Norte

  • Província de New Hampshire, mais tarde o estado de New Hampshire
  • Província da Baía de Massachusetts, mais tarde os estados de MassachusettsMaine
  • Colónia de Rhode Island e Plantações de Providence, mais tarde o estado de Rhode Island
  • Colónia de Connecticut, mais tarde o estado de Connecticut

 

Colónias Centrais

  • Província de Nova Iorque, mais tarde os estados de Nova IorqueVermont
  • Província de Nova Jérsei, mais tarde o estado de Nova Jérsei
  • Província da Pensilvânia, mais tarde o estado de Pensilvânia
  • Colónia de Delaware, mais tarde o estado de Delaware

 

Colónias do Sul

  • Província de Maryland, mais tarde o estado de Maryland
  • Colónia e Domínio da Virgínia, mais tarde os estados de VirgíniaKentuckyVirgínia do Oeste
  • Província da Carolina, uma colónia proprietáriacriada em 1663 e dividida em Norte e Sul em 1712, cada uma tornou-se Colónia Real em 1729:
    • Província da Carolina do Norte, mais tarde os estados da Carolina do Norte e Tennessee
    • Província da Carolina do Sul, mais tarde o estado da Carolina do Sul
  • Província da Geórgia, mais tarde o estado da Geórgia

Cronologia

 

#

Criação

Colónia ou
Província

Região

Governo
em 1775

Religião

Comércio e
atividade econômica

Pessoas famosas

1

1607

Colónia da Virgínia

Sul

Real

Anglicana
e Batista

Agricultura,
Plantações,
tabaco e açúcar

John Smith
John Rolfe

2

1626

Província de Nova Iorque

Central

Real

Quaker, Católica,
Luterana, Judaica
e outras

Agricultura,
mineração de ferro

Peter Minuit
Peter Stuyvesant

3

1630

Província de Massachusetts

Nova Inglaterra

Província Real
por Alvará

Puritana

Construção naval
Exportação de rum

John Winthrop

4

1633

Província de Maryland

Sul

Proprietária

Católica, Anglicana
e Batista

Agricultura,
Plantações,
tabaco e açúcar

George Calvert

5

1636

Colónia de Rhode Island

Nova Inglaterra

Por Carta

Puritana

Construção naval
Exportação de rum

Roger Williams
Anne Hutchinson

6

1636

Colónia de Connecticut

Nova Inglaterra

Por Carta

Puritana

Construção naval
Exportação de rum

Thomas Hooker

7

1638

Província de New Hampshire

Nova Inglaterra

Por Carta

Puritana

Construção naval
Exportação de rum

John Mason

8

1638

Colónia de Delaware

Central

Proprietário

Quaker, Católica,
Luterana, Judaica
e outras

Agricultura,
mineração de ferro

Peter Minuit

9

1653

Província da Carolina do Norte

Sul

Real

Anglicana
e Batista

Agricultura,
Plantações,
tabaco e açúcar

George Calvert

10

1663

Província da Carolina do Sul

Sul

Real

Anglicana
e Batista

Agricultura,
Plantações,
tabaco e açúcar

Carta da Carolina

11

1664

Província de Nova Jérsei

Central

Real

Quaker, Católica,
Luterana, Judaica
e outras

Agricultura,
mineração de ferro

Lord Berkeley
George Carteret

12

1682

Província da Pensilvânia

Central

Propritária

Quaker, Católica,
Luterana, Judaica
e outras

Agricultura,
mineração de ferro

William Penn

13

1732

Província da Geórgia

Sul

Real

Anglicana
e Batista

Agricultura,
Plantações,
tabaco e açúcar

James Oglethorpe

         

 

Século XVII

Colónias do Sul

 

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As concessões de James I em 1606 às empresas de Londres e Plymouth. A área sobreposta (amarela) foi concedida às duas empresas sob a condição de que nenhuma delas criasse um assentamento a menos de 160 km uma da outra. A localização de Jamestown está indicada pelo "J"

A primeira colónia inglesa bem-sucedida foi Jamestown, fundada em 14 de maio de 1607 perto da Baía de Chesapeake, financiada pela London Virginia Company em busca de ouro. Os primeiros anos foram extremamente difíceis, com taxas de mortalidade muito altas por doenças e fome, guerras com índios locais e pouco ouro. A colónia sobreviveu e floresceu recorrendo ao tabaco como uma cultura comercial.

Em 1632, o rei Charles I concedeu a Carta da Província de Maryland a Cecil Calvert, 2º Barão de Baltimore; seu pai, um importante funcionário católico, incentivou a imigração católica para as colónias inglesas. A Carta não indicava diretrizes sobre religião.

A Província da Carolina foi a segunda tentativa de colonização inglesa ao sul da Virgínia; foi a primeira tentativa fracassada em Roanoke; era um empreendimento privado, financiado por um grupo de "lordes proprietários" ingleses que obtiveram uma Carta Régia das Carolinas em 1663, esperando que uma nova colónia no sul se tornasse lucrativa como Jamestown; a Carolina não se estabeleceu até 1670, e mesmo assim a primeira tentativa falhou porque não havia incentivo à emigração para essa área; eventualmente, os Lordes combinaram o seu capital restante e financiaram uma missão de assentamento na área liderada por Sir John Colleton, que localizou terreno fértil e defensável que se tornou Charleston, originalmente "Charles Town", homenageando Charles II da Inglaterra.

 Nova Inglaterra

Os "Peregrinos" eram um grupo de separatistas puritanos que achavam que deviam distanciar-se fisicamente da Igreja da Inglaterra que consideravam corrompida; inicialmente mudaram-se para a Holanda, mas finalmente navegaram para a América em 1620 no Mayflower. Ao chegarem, criaram o Pacto do Mayflower, pelo qual se uniram como uma comunidade, a pequena Colónia de Plymouth, tendo William Bradford como seu principal líder; outros colonos chegaram da Inglaterra em seguida para se juntarem à colónia.

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A transcrição de Bradford do pacto

Mais puritanos imigraram em 1629 e estabeleceram a Colónia da Baía de Massachusetts com 400 colonos; eles tentaram reformar a Igreja Anglicana criando uma nova igreja ideologicamente pura no Novo Mundo. Em 1640, 20 mil haviam chegado; muitos morreram logo após a chegada, mas outros encontraram um clima saudável e um amplo suprimento de alimentos; as colónias de  Plymouth e da  Baía de Massachusetts incentivaram a criação de outras colónias puritanas na Nova Inglaterra, incluindo as colónias de New Haven, Saybrook e Connecticut. Durante o século XVII, as colónias de New Haven e de Saybrook foram absorvidas pela de Connecticut.

Roger Williams criou o assentamento chamado Plantações de Providence em 1636 em terras fornecidas pelo chefe Canonicus da tribo Narragansett. Williams era um puritano que pregava a tolerância religiosa, separação entre Igreja e Estado e uma ruptura completa com a Igreja Anglicana. Ele foi banido da Colónia da Baía de Massachusetts por divergências teológicas; ele fundou o assentamento com base numa constituição igualitária, prevendo o domínio da maioria "em assuntos civis" e "liberdade de consciência" em assuntos religiosos. Em 1637, um segundo grupo, incluindo Anne Hutchinson, estabeleceu um segundo assentamento em Aquidneck Island, também conhecida como Rhode Island.

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Colónia de Massachusettes Bay 

Outros colonos estabeleceram-se ao Norte, misturando-se com aventureiros e colonos com fins lucrativos para estabelecer outras colónias mais diversas religiosamente em New Hampshire e Maine. Massachusetts absorveu esses pequenos assentamentos quando fez reivindicações de terras significativas nas décadas de 1640 e 1650, mas New Hampshire acabou recebendo uma carta separada em 1679. Maine permaneceu uma parte de Massachusetts até passar a ser um Estado em 1820. Em 1685, o Rei James II da Inglaterra fechou as concessões e consolidou as Colónias da Nova Inglaterra no Domínio da Nova Inglaterra, colocando a região sob controlo do governador Edmund Andros. Em 1688, as colónias de Nova YorkWest Jersey e East Jersey foram adicionadas ao domínio. Andros foi derrubado e o domínio foi fechado em 1689, após a Revolução Gloriosa que depôs o rei James II e as antigas colónias foram restabelecidas. Segundo Guy Miller, a Rebelião de 1689 foi o "clímax da luta de 60 anos entre o governo da Inglaterra e os puritanos de Massachusetts sobre a questão de quem governaria a Colónia da Baía".

Colónias Centrais

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Peter Minuit serviu como governador da Nova Holanda e ajudou a estabelecer a Nova Suécia.

A partir de 1609, comerciantes holandeses estabeleceram postos de comércio de peles nos rios Hudson, Delaware e Connecticut. A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais estabeleceu assentamentos permanentes no rio Hudson, criando a colónia holandesa da Nova Holanda. Em 1626, Peter Minuit comprou a ilha de Manhattan dos índios Lenape e estabeleceu o posto avançado de Nova Amsterdão.

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Localização da ilha de Manhattan  (a verde) no contexto actual da zona de Nova York

Poucos holandeses se estabeleceram na Nova Holanda, mas ela dominou o comércio regional de peles. Também serviu de base para o comércio extensivo com as colónias inglesas, e muitos produtos da Nova Inglaterra e Virgínia foram transportados para a Europa em navios holandeses. Os holandeses também se envolveram no crescente comércio de escravos no Atlântico, fornecendo africanos escravizados para as colónias inglesas na América do Norte e Barbados. 

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Diagrama de um navio negreiro do tráfico de escravos do Atlântico com a forma de "arrumar" os escravos para transporte, duma maneira a "rentabilizar" melhor  o espaço do navio. (De um resumo da evidência entregue ante um comitê seleto da Câmara dos Comuns em 1790 e 1791)

 

A Companhia das Índias Ocidentais queria desenvolver a Nova Holanda quando se tornou comercialmente bem-sucedida, mas a colónia não conseguiu atrair o mesmo nível de assentamento que as colónias inglesas. Muitos dos que emigraram para a colónia eram ingleses, alemães, valões ou sefarditas.

Em 1638, a Suécia estabeleceu a colónia da Nova Suécia no vale do Delaware. A operação foi liderada por ex-membros da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, incluindo Peter Minuit. A Nova Suécia estabeleceu muitos contatos comerciais com colónias inglesas ao Sul e embarcou grande parte do tabaco produzido na Virgínia. A colónia foi conquistada pelos holandeses em 1655, enquanto a Suécia estava envolvida na Segunda Guerra do Norte.

A partir da década de 1650, ingleses e holandeses envolveram-se numa série de guerras, e os ingleses tentaram conquistar a Nova Holanda. Richard Nicolls capturou a desprotegida Nova Amsterdão em 1664, e os seus subordinados rapidamente capturaram o restante da Nova Holanda. O Tratado de Breda de 1667 encerrou a Segunda Guerra Anglo-Holandesa e confirmou o controlo inglês da região. Os holandeses recuperaram brevemente o controle de partes da Nova Holanda na Terceira Guerra Anglo-Holandesa, mas devolveram o território no Tratado de Westminster de 1674, encerrando a presença colonial holandesa na América do Norte.

Após a Segunda Guerra Anglo-Holandesa, os britânicos renomearam a colónia "York City" para "New York City". Um grande número de holandeses permaneceu na colónia, nas áreas rurais entre "New York City" e "Albany", enquanto as pessoas da Nova Inglaterra começaram a mudar-se, assim como os imigrantes da Alemanha. A cidade de Nova York atraiu uma grande população poliglota, incluindo uma grande população de escravos negros. Em 1674, as províncias de "East Jersey" e "West Jersey" foram criadas a partir de terras anteriormente parte de Nova Iorque.

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"Independence Hall" - Filadélfia

Pensilvânia foi fundada em 1681 como uma colónia proprietária do Quaker William Penn. Os principais elementos populacionais incluíam: a população Quaker sediada em Filadélfia, uma população escocesa-irlandesa na fronteira ocidental e numerosas colónias alemãs no meio.  

Filadélfia tornou-se a maior cidade das colónias com a sua localização central, excelente porto e uma população de cerca de 30 mil habitantes.

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Sino da Liberdade

(Está rachado, o que não é para admirar! Com os maus tratos que tem sofrido!)

Fonte: Wikipédia

É esta a história original da forma como apareceram os "Americanos" na costa Atlântica da América do Norte, zona onde nasceu a faina da "Caça à Baleia" que se expandiu posteriormente para a costa do Pacífico e para todas as costas marítimas onde poderia potencialmente existir um cetáceo.

Mas antes de continuarmos na mini-historia da Baleação (que era para ser miníma mas já está a ser máxima) os próximos Posts vão ser dedicados à construção naval pois, este papel de "historiador" não se sobrepõe ao do "armador" e os estaleiros têm continuado a atividade de construção. Uma atividade intelectual tem de ser contrabalançada com uma atividade física. E o trabalho no estaleiro é duro!

Os dois próximos Posts serão dedicados a duas Caravelas da época dos Descobrimentos a saber: uma Caravela Redonda ou de Armada e uma Caravela Latina de três mastros. E estas, prometo, são mesmo mínimas.

(continua) no Post 66

Bons Ventos e ...

Um abraço

 

10.10.22

62 - Modelismo Naval 6.2.6.1 - Baleação - Uma mini-história


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(continuação)

Caros amigos

 

Linha de Tempo da Baleação Americana

 

No anterior Post deixámos o capitão Smith em terra, preterido pelos "Pilgrims" a favor de Myles Standish   e os colonos prestes a dirigirem-se para a Nova Inglaterra. Antes de acompanharmos os colonos na sua viagem para a América e como o Capitão John Smith vai deixar de interessar para esta história da Baleação vamos, neste "Post", fazer três pequenas adendas para esclarecer três assuntos não completamente claros. Numa primeira adenda sobre o que aconteceu no resto da vida do capitão John Smith e numa outra sobre quem  foram os "Pilgrims". Numa terceira, noutro Pos o nº 63, sobre como e quais foram as 13 colónias inglesas na América do Norte inicialmente fundadas.

 

2.1 – Nova Inglaterra – “O Capitão Smith vai balear”   1614 - 1620     

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O Capião Smith foi balear, mas não baleou

Não porque ele não quizesse mas nunca teve essa sorte. Nunca foi baleeiro nem nos mares da Europa, nem nos mares da América. Mas falou com eles!

Apesar de não ter sido baleeiro, contribuíu grandemente para que essa atividade surgisse nas costas da América e que depois se espalhasse por toda a costa das Américas, quer na costa Leste no Atlântico, quer na costa Oeste no Pacífico, quer também noutras partes dos diferentes oceanos. Com o seu entusiasmo, com o seu trabalho de levantamento cartográfico - quer na "Virgínia" quer na "Nova Inglaterra" -  com tudo aquilo que escreveu sobre as suas experiências, por vezes de uma forma fantasiosa mas muitas vezes de grande utilidade para todos o que viram na América um "Novo Mundo", com o seu espírito aventureiro e curioso sobre "as coisas novas".

O não ter tido, como já atrás foi dito, outro contato com baleias que não fosse vê-las na liberdade dos mares, tem merecido, apesar disso um agradecimento de todos os que, posteriormente a ele o referem, não como iniciador da baleação dos Estados Unidos mas sim como grande incentivador para esse efeito em especial como um pioneiro da colonização inglesa da América abrindo caminhos que ele e outros posteriormente percorreram.

Ao longo da vida, das suas viagens e aventuras, o capitão Smith procurou partilhá-las, escrevendo vários livros e publicando-os:

Obras de John Smith (1580-1631)

  • 1608 - "A True Relation of such occurrences and accidents of note as hath hapned in Virginia since the first planting of that Colony" 

Esta é a publicação de uma carta que Smith enviou 14 meses após a chegada a um amigo não identificado que a editou e depois a publicou. A partir desta carta, o mundo inglês será fornecido com o relato mais antigo do assentamento na Virgínia. Curiosamente, ou Smith não mencionou o seu resgate pela princesa indiana Pocahontas, ou foi editado antes da publicação.

  • 1612 - "A Map Of Virginia with a Description of the Country" 

Smith continua o seu relato do assentamento de Jamestown durante o seu governo. "The Proceedings of the English Colonie of Virginia" (segunda parte do livro) cujos autores são listados como Thomas Studley, Anas Todkill, Walter Russell, Nathaniel Powell, William Phettiplace, Richard Wyffin, Thomas Abby, Thomas Hope e Richard Potts. Thomas Abby disse que o tesouro foi concebido pela primeira vez por Richard Potts, que havia sido secretário do conselho em 1608 e 1609. Todo o trabalho foi entregue ao reverendo William Symonds.

  • 1616 - "A Description of New England: or the Observations and Discoveries of Captain John Smith"

Smith oferece um relato de sua segunda exploração na América do Norte, durante a qual mapeou a costa da Nova Inglaterra.

  • 1620 - "New England’s Trials"

Smith recomenda a Nova Inglaterra como um local para colonização. Este tinha 16 páginas, inicialmente em forma de panfleto, descrevendo como os navios beneficiariam aquele país por mar e terra, etc. e que teriam melhor sucesso se aceitassem instruções dele. Smith disse em 1624 que havia providenciado serem impressos dois ou três mil exemplares.

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  • 1624 -  "The General Historie of Virginia, New England, and the Summer Isles" 

Smith narra a colonização da Virgínia, entrando em mais detalhes do que na sua história anterior e mais curta de 1608. Está incluído um extenso tratamento da história de Pocahontas.

  • 1626 - "An Accidence, or The Pathway to Experience Necessary for all Young Seamen"

O manual de marinharia de Smith é ilustrado com incidentes de suas próprias experiências. Seria ampliado como "A Sea Grammar "em 1627. Foi tão popular que foi lançado em edições repetidas nos seguintes 65 anos. O nome de Smith ainda era usado na página de rosto de sua edição de 1691.

  • 1630 - "The True Travels, Adventures, and Observations of Captaine John Smith in Europe, Asia, Africa, and America… from 1593 to 1629"

Smith fornece um relato de sua infância e suas aventuras subsequentes em uma autobiografia fascinante.

  • 1631 - "Advertisements for the Unexperienced Planters of New England" 

Escrito pouco antes da morte de Smith, este trabalho oferece conselhos práticos aos colonos de Massachusetts e inclui um poema autobiográfico, “The Sea-Mark”.

Fonte: Williamburg Private Tours

Após 1620, data da perda da possível comissão junto aos "Pilgrims" a favor de Myles Standish, até à data do seu falecimento, Smith acalmou e após o seu regresso do cativeiro às mãos de piratas franceses em 1616 (e também dos "braços" da viúva Francesa de Cherburgo, sua amante na altura, enquanto  aí permaneceu) fez as pazes com a sua antiga amante Inglesa, a Duquesa de Richmond e após a passagem pelas mãos de várias amantes, todas jovens, loiras e socialmente inconvenientes arranjou uma nova amante, também ela jovem, loira e também pouco recomendável, que era enfermeira, o que aparentemente foi uma escolha pragmática já que Smith tinha adoecido com graves problemas respiratórios e a nova amante vinha mesmo a calhar.

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Frances, Duquesa de Richmond, a cobiçada amante (oficial) de John Smith

Durante este periodo John Smith escreveu cinco livros, incluíndo o "Julgamento da Nova Inglaterra"  em 1621, (uma espécie de guia de viagem que influenciou muitos colonos a deslocarem-se para a Nova Inglaterra, Incluíndo os "Pelgrims"). Smith faleceu em 21 de Junho de 1631, aos 51 anos de idade.

Entre as poucas pessoas que compareceram ao seu funeral na Igreja do Santo Sepulcro estavam o Conde de Lindsey, Sir Samuel e a Duquesa de Bedford íntima amiga da Duquesa de Richmond, antiga amante de Smith, que não compareceu no funeral. Smith foi enterrado sob a abóbada do coro da igreja, com um modesto monumento sobre a sua sepultura com o brasão que ele ganhou gravado em baixo relevo, a prova de que ele era um cavalheiro. Trinta e cinco anos depois, a igreja foi destruída no Grande Incêndio de Londres. Apenas os livros e a lenda de John Smith permaneceram. Ele desapareceu. No entano, teve um vida aventurosa e cheia!

 

2.2 - Quem foram os "Pilgrims" ?                                           1614 - 1620 

 

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Chegada dos "Pilgrims" à Nova Inglaterra

Os "Peregrinos", também conhecidos nos USA como "Os Pais Peregrinos", foram os colonos ingleses que vieram para a América do Norte no Mayflower e estabeleceram a Colónia Plymouth no que é hoje Plymouth, Massachusetts, denominada assim com base no nome do porto de partida final do navio - Plymouth, Devon. A  sua liderança veio das congregações religiosas dos brownistas, ou puritanos separatistas, que haviam fugido da perseguição religiosa na Inglaterra para a tolerância da Holanda do século XVII nos Países Baixos.

Eles tinham muitas das mesmas crenças religiosas puritanas calvinistas, mas, ao contrário da maioria dos outros puritanos, eles afirmavam que as suas congregações deveriam separar-se da igreja estatal inglesa, o que os levou a serem rotulados de Separatistas (a palavra "Peregrinos" não foi usada para se referir a eles até vários séculos depois). Depois de vários anos vivendo no exílio na Holanda, eles finalmente decidiram estabelecer um novo assentamento no Novo Mundo e combinaram com investidores para financiá-los. Estabeleceram a Colónia Plymouth em 1620, onde ergueram igrejas congregacionistas.  A história dos Peregrinos tornou-se um tema central na história e cultura dos Estados Unidos

Este grupo cindiu-se da Igreja Inglesa por volta de 1605 e básicamente o seu cisma tinha como base a independência das diferentes igrejas que constituiam o grupo, de uma Igreja central. A Lei da Uniformidade de 1559 tornou ilegal a não comparência nos cultos oficiais da Igreja da Inglaterra sob pena do pagamento de uma multa. Em 1593 a situação agravou-se através da publicação da Lei Sediciosa destinada especificamente para este grupo.  Houve perseguições dirigidas aos membros da Igreja Subterrânea em Londres que foram fortemente multados e muitos foram presos sendo três dos membros mais proeminentes dos Separatistas - Henry Barrow, John Greenwood e John Penry - executados, por sedição. Após estas execuções, os Separatistas de Londres fugiram para a Holanda

Esta fuga foi efectuada por volta de 1607-1608 para Leiden que era um centro industrial próspero. Embora alguns dos membros da congregação tenham consiguido empregos, a grande parte de origem rural e pela barreira da linguagem, não tiveram essa sorte, e a congreção teve de comprar uma propriedade rural onde eles poderam sobreviver.

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Convívio entre Índios Americanos e "Pilgrims" (nem sempre foi assim)

Em 1617  a congregação dos Separatistas estava estável. No entanto esta estabilidade era mais aparente do que real. Alguns dos membros foram obrigados a gastar todas as economias que tinham levado e desistiram voltando para a Inglaterra. Os que ficaram, mais jovens, começaram a procurar melhores condições noutros lugares. Havia também a noção do dever de "missão envangelizadora", ao que se juntava a trégua periclitante da Guerra dos Oitenta Anos. Os maiores "medos" existentes diziam respeito à viagem por mar, ao temor de que os nativos pudessem ser violentos, e que houvesse exposição a doenças desconhecidas.

Os possíveis destinos incluíam a Guiana na costa Nordeste da América do Sul, onde os Holandeses tinham estabelecido a colónia de Essequibo (hoje o Suriname) ou um outro local perto dos assentamentos da Virginia. Embora este último fosse o mais atractivo tinha o inconveniente de ser Inglês e poder replicar o ambiente político-religioso da Inglaterra, o que lhes era adverso.. Por outro lado havia a vantagem da língua que podia facilitar a partilha da experiência local já existente. 

Companhia de Londres administrava um território de tamanho considerável na região, e o local de assentamento pretendido era na foz do rio Hudson (que em vez disso se tornou a colónia holandesa da Nova Holanda). Este plano aliviou as preocupações com conflitos sociais, políticos e religiosos, mas ainda assim aproveitava dos benefícios militares e económicos de estar perto de uma colónia já  estabelecida. 

Robert Cushman e John Carver foram enviados para a Inglaterra para solicitar uma patente de concessão de terra. As negociações foram adiadas por causa de conflitos internos na London Company, mas, finalmente, uma patente foi garantida em nome de John Wincob em 19 de Junho 1619.  A carta foi concedida com a condição do rei de que a religião do grupo Leiden não receberia reconhecimento oficial. 

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Crianças  "Pilgrims" nnuma dança infantil (reconstituição actual)

Os preparativos então pararam por causa dos problemas contínuos dentro da Companhia de Londres, e empresas holandesas concorrentes abordaram a congregação com a possibilidade de se estabelecer na área do rio Hudson.  David Baeckelandt sugere que o grupo Leiden foi abordado pelo inglês Matthew Slade, genro de Petrus Placius, cartógrafo da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Slade também era um espião para o Embaixador Inglês, e os planos dos Peregrinos eram, portanto, conhecidos tanto na corte quanto entre investidores influentes na colónia da Companhia da Virgínia em Jamestown. As negociações foram interrompidas com os holandeses, no entanto, com o incentivo do comerciante inglês Thomas Weston, que assegurou-lhes que poderia resolver os atrasos da Companhia de Londres. A Companhia de Londres pretendia reivindicar a área explorada por Hudson antes que os holandeses pudessem  estabelecer-se totalmente, e os primeiros colonos holandeses não chegaram à área até 1624.

Weston veio com uma mudança substancial, dizendo ao grupo de Leiden que as partes na Inglaterra tinham obtido uma concessão de terras ao norte do território existente da Virgínia para ser chamada de Nova Inglaterra. Isso era apenas parcialmente verdade; a nova concessão aconteceu, mas só no final de 1620, quando o Conselho de Plymouth para a Nova Inglaterra recebeu a sua carta. Esperava-se que esta área pudesse ser explorada piscatóriamente com lucro, e não estava sob o controle do governo existente da Virgínia. 

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Casal de "Pilgrims" numa colónia de Massachusetts

No meio dessas negociações, William Brewster  viu-se envolvido com a agitação religiosa que emergiu na Escócia. Em 1618, o rei James promulgou os Cinco Artigos de Perth que foram vistos na Escócia como uma tentativa de invadir a sua tradição presbiteriana. Brewster publicou vários panfletos que eram críticos desta lei, e eles foram contrabandeados para a Escócia em abril de 1619. Estes panfletos foram rastreados até Leiden, e as autoridades inglesas tentaram sem sucesso prender Brewster. O embaixador inglês Dudley Carleton tomou conhecimento da situação e começou a pressionar o governo holandês a extraditar Brewster, e os holandeses responderam prendendo Thomas Brewer, o financeiro, em Setembro. O paradeiro de Brewster permanece desconhecido entre essa altura e a partida dos colonos, mas as autoridades holandesas apreenderam os materiais de impressão que ele havia usado para imprimir os seus panfletos. Enquanto isso, Brewer foi enviado para a Inglaterra para interrogatório. Ele foi finalmente condenado na Inglaterra pelas suas atividades de publicação religiosa continuada e sentenciado em 1626 a uma pena de 14 anos de prisão.

Nem toda a congregação foi capaz de partir na primeira viagem. Muitos membros não foram capazes de resolver os seus assuntos dentro das restrições de tempo, e o orçamento foi limitado para viagens e suprimentos, e o grupo decidiu que o compromisso inicial deveria ser realizado principalmente por membros mais jovens e mais fortes. Os restantes concordaram em seguir se e quando pudessem. Robinson permaneceria em Leiden com a maior parte da congregação, e Brewster lideraria a congregação americana. A igreja na América seria administrada de forma independente, mas foi acordado que a adesão seria automaticamente concedida em qualquer congregação para membros que se deslocavam entre os continentes.

Com assuntos pessoais e comerciais acordados, os Peregrinos adquiriram suprimentos e um pequeno navio. Speedwell deveria trazer alguns passageiros da Holanda para a Inglaterra, depois para a América, onde seria mantido para o negócio de pesca, com uma tripulação contratada para serviços de apoio durante o primeiro ano.

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Início da viagem dos "peregrinos" no Speedwell que os trouxe de Leiden para a Inglaterra mas não continuou para o "Novo Mundo" por não oferecer condições de segurança para a viagem.

O navio maior Mayflower foi alugado para serviços de transporte e exploração. 

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Réplica atual do "Mayflower" que chegou ao fim. O navio era de maior tonelagem do que o "Speddwell" e tinha boas condições para uma viagem normal

E era esta a situação quando deixamos os "Pilgrims" prestes a partir para o "Novo Mundo" no anterior post 61 de 29 de Maio de 2022.

(continua)

Bons ventos e ...

Um Abraço