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Mar & Arte

Artesanato Urbano de Coisas Ligadas ao Mar (e outras)

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Artesanato Urbano de Coisas Ligadas ao Mar (e outras)

04.06.16

23 - Modelismo Naval 6.1.2 - Baleação - Uma introdução e as fontes (continuação)


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                                                                             "Os que passeiam nas vizinhanças de Londres devem recordar-se de ter visto grandes ossos recurvos cravados na terra, formando alpendres sobre os portais ou entradas para nichos, e talvez se lembrem também de ter ouvido dizer que eram costelas de baleia"

"Tales of a Whaler Voyages to the Artic Ocean" 

LONDON: HENRY COLBURN, NEW BURUNOTON STREET - 1836. 

(Continuação)

 

Caros amigos

  

O cachalote albino "Mocha Dick"

 

A segunda fonte referida, é o relato que apareceu no "The Knickerbocker" - revista publicada em New York de 1833 a 1865 - com o título "Mocha Dick: Or The White Whale of the Pacific: A Leaf from a Manuscript Journal" em 1839, pelo escritor/jornalista e explorador americano Jeremiah N. Reynolds  (1799-1858) que se refere a uma baleia albina que costumava pairar, no início do séc. XIX, por alturas da ilha "Mocha", na zona sul do Pacífico, junto à costa do Chile.

 

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 "Isla Mocha", localizada à vista da costa Centro-Sul do Chile a 38º 22' 15'' S e 73º 54' 51'' W, com uma área de 42 Km2 e uma altitude máxima de 300m.

 Tem por volta de 800 habitantes e, mais ou menos metade da sua área faz parte de uma Reserva Nacional Chilena.

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A baleia, mais propriamente, o cachalote "Mocha Dick", foi referenciado nesta zona por volta do início do séc. XIX e provavelmente, foi arpoado pela primeira vez pouco antes de 1810, sem resultados. A "estória" conta que "Mocha Dick" sobreviveu a provavelmente, pelo menos 100 tentativas de caça antes de ter sido eventualmente, morto.

Era grande e poderoso e capaz de estilhaçar barcos pequenos com a cauda. Reynolds, registou observações em segunda mão do "Mocha Dick" que publicou no seu artigo, descrevendo-o como "Um velho touro, com um tamanho e força descomunais... branco como a neve". Tinha a cabeça coberta de cracas o que lhe dava uma aparência rugosa.

E tinha um modo peculiar de respirar. Segundo Reynolds "em vez de projectar o esguicho obliquamente para a frente, soprando com um pequeno mas forte esforço, acompanhado por um ruído de sopro, o que é o normal nos da sua espécie,  (na realidade os cachalotes respiram ar à superfície da água através de um único espiráculo em forma de "S". O espiráculo está situado no lado esquerdo da parte frontal da cabeça. Respiram 3 a 5 vezes por minuto quando em repouso, aumentando esta frequência para 6 a 7 vezes por minuto após um mergulho. O sopro consiste num único e ruidoso jorro de água que pode elevar-se até 15 metros sobre a superfície da água, apontando para diante e para a esquerda com um ângulo de +/- 45º) ele projecta a água do nariz num jacto volumoso e perpendicular a intervalos regulares e espaçados; esta expulsão produz um ruído contínuo, como o do vapor a saír pela válvula de escape de um motor potente."

A sobrevivência às primeiras tentativas de caça aliada ao seu aspecto pouco comum, contribuíu para que o "Mocha Dick" tenha ficado famoso entre os baleeiros de Nantucket. O primeiro rumo que os capitães baleeiros tomavam após rondarem o cabo Horn e entrarem no Pacífico, era em direcção ás águas da ilha "Mocha" á procura do cachalote.

"Mocha Dick" era um cachalote bastante dócil que costumava nadar junto ao casco dos navios mas, uma vez atacado, retaliava com ferocidade e destreza e era bastante temido pelos arpoadores. Quando se encontrava nestas condições, muitas das vezes sondava e emergia com tal agressividade que chegava a projectar todo o corpo para fora de água.

No artigo de Reynolds, "Mocha Dick" foi morto em 1838 depois de, aparentemente, ter ido em socorro de uma fêmea que se encontrava em perigo após os baleeiros lhe terem abatido a cria. "Noblesse oblige" e, já nesta altura, havia manipulação dos sentimentos humanos.

O corpo do cachalote tinha 70 pés (por volta de 21 m) de comprimento e rendeu 100 barris (por volta de 15.900 l) de óleo bem como algum âmbar cinzento que era usado para o fabrico de perfumes e que, nessa época, valia mais por onça (28,35 gr) do que o ouro.

Esta é a "estória".

Só que, uma década após este acontecimento a mesma revista, "The Knickerbocker", noticiava com grande destaque o avistamento, no Oceano Ártico do... "Mocha Dick". Quem terá razão? O "The Kinckerbocker" ou o... "The Knickerbocker"? Nunca saberemos!

 

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e.book - "Mocha Dick" ou "A Baleia Branca do Pacífico"

por J. N. Reynolds

Reimpressão de 1870 por "Cameron & Fergunsen - London & Glasgow"

 Originalmente publicado no "The Knickerbocker" ou "New-York Monthly Magazine" em Maio de 1839

 

Será uma "estória" com alguma verosimilhança? Sim!

Existem situações que são factualmente históricas.

"Mocha Dick" não foi (nem será) a única "baleia branca"!

  • Em 1859, ao largo da costa do Brasil, um baleeiro Sueco abateu comprovadamente, uma baleia branca (não li a página do "logbook" do baleeiro - e possivelmente ficava na mesma porque, eu e o Sueco, não nos damos - mas aparece referido no livro "Yankee Whalers in te South Seas" de Whipple - Doubleday, 1954);

 

  • Em 1902, a barca "Platina", da praça de New Bedford, comandada por Thomas McKenzie, arpoou e matou um cachalote albino perto dos Açores, no Oceano Atlântico usando um arpão equipado com um engenho explosivo. O arpoador foi Amos Smalley que contou esta experiência para o "Reader's Digest". Segundo ele, o capitão McKenzie estimou, com base no desgate dos dentes do cachalote, que ele tinha "pelo menos 100 anos, senão 200". Smaley foi convidado de honra na estreia do filme "Moby Dick" de John Huston em 1956 tendo sido apresentado nessa altura como "O homem que matou Moby Dick". Lib(v)erdades cinematográficas;  

 

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  Cartaz do filme do Reino Unido de John Huston "Moby Dick" (com "script" baseado no livro de Mellville) realizado em 1956 com Gregory Peck como capitão "Ahab"

  • Em 1952, ao largo da costa do Perú foi abatida uma baleia branca, segundo notícia do "Time Magazine";

 

  • Desde 1991 tem havido vários avistamentos de uma baleia corcunda branca perto da costa de Queensland, na Austrália, a que deram o nome de "Migaloo";

Migaloo

 

Outra Migaloo. Ou a mesma?

  • Em 2012, outra baleia corcunda branca foi filmada ao largo das costas da Noruega: Esta chama-se "Willow, the White Whale", ou WWW:

"Willow the White Whale" ao largo da costa da Noruega

 

  • Frequentemente, ao largo da Sardenha, no Mar Mediterrâneo, têm sido avistados cachalotes brancos, entre 2006 e 2015;

E outras mais haverá, não reportados ou ainda não avistadas. Mas que elas andam por aí, andam!

 

(Continua)

Um abraço e...

Bons Ventos.