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Mar & Arte

Artesanato Urbano de Coisas Ligadas ao Mar (e outras)

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10.03.15

12 - Rosas-dos-Ventos na Cartografia Antiga Portuguesa 4 - Portulanos 1 e 2


marearte

 

 

 Caros amigos

 Num dos postes anteriores abordei pela rama o conceito de portulano em cartografia (Post nº 7 - Rosas-dos-Ventos na Cartografia Antiga Portuguesa 3 - 16/04/2014).

 

 Embora a evolução das cartas marítimas que serviram para a navegação desde a antiguidade não esteja suficientemente documentada, vou tentar aprofundar um pouco essa evolução desde c. 1296 (cartas Portulano), passando pelo aparecimento da carta Mercator em 1569, até aos nossos dias.

 

Portulano
Carte_Pisane_Portolan.jpg
 Carta Pisano

                 

Os primeiros ''portulanos'' foram confeccionados nas cidades de Gênova e Pisa, sendo o exemplar mais antigo que se conhece datado de 1296. Angelo Dulcert Portolano, em 1300, aperfeiçoou as linhas loxodrómicas, dando o seu sobrenome a este tipo de representação.
 
Outros estudiosos, entretanto, sustentam que o termo "portulano'’ foi utilizado pela primeira vez em 1285, com o sentido de ''descrição dos portos marítimos e das costas'’ ou seja, um tipo de roteiro das costas que hoje usamos para a navegação costeira através das conhecenças.
 
As linhas loxodrómicas são linhas rectas que representam "rumos" que ligam diferentes pontos numa carta. Para uma melhor compreensão do que são "linhas loxodrómicas" e da sua história ligada a Portugal, ver o excelente artigo de Nuno Crato que pode ser encontrado em  - http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/e6.html - (porque é que ele não se ficou só pela Matemática?).
 
Estas cartas eram usadas para uma navegação não muito longe da costa (Mediterrâneo por exemplo) através do carteamento com o "ponto de fantasia" que consistia no traçado de um ponto em determinado rumo (bússola) através da estimativa da distância percorrida o que, como se percebe bem, dava azo a alguns erros de posicionamento, principalmente quando sem referências de terra.
 
Os portugueses também se destacaram na produção de portulanos, especialmente no período do Infante D. Henrique e da lendária "Escola de Sagres".
 
A partir do século XVI o termo ‘'portulano'' difundiu-se e começou a ser aplicado a qualquer colecção de instruções náuticas, assim como aos mapas que as acompanhavam. A partir do século XIX o termo passou a designar, de forma genérica, as cartas marítimas produzidas até aos fins do século XVI.

Estima-se que restem atualmente um pouco mais de uma centena de exemplares desses primitivos mapas.
 

 Carta de Latitudes

 A partir da segunda metade do século XV (navegações atlânticas) foram introduzidos na navegação métodos astronómicos (medição da altura da Estrela Polar e do Sol) o que permitiu a determinação da latitude e assim deu lugar ao uso  do "ponto de esquadria", possibilitando a execução de cartas mais precisas a que podemos chamar "cartas de latitude". As cartas de latitude conjugam as linhas loxodrómicas com escalas de latitude.

Jorge Reinel - 1540.jpg

 Jorge Reinel - 1540

 

Projecção Mercator

Em 1569 Gerardus Mercator, cartógrafo belga revolucionou a cartografia ao representar o globo terrestre num rectângulo plano, através da chamada “Projeção de Mercator” que permite a representação da Terra, uma superfície curva, numa superfície plana com um mínimo de distorção nos pólos.

Esta projecção utiliza 24 linhas verticais (os meridianos) e 12 linhas horizontais (os paralelos) que aumentam a distância entre elas conforme se vão aproximando dos pólos o que permite o traçado de rotas através de "curvas-traçado" (loxodrómicas) bastante mais eficientes.

 

Projecção Mercator.jpg

 Projecção Mercator

 

Os nossos dias

Todos nós sabemos que a localização de um ponto sobre a superfície da terra é dada por três coordenadas: a latitude, a longitude e a altitude - no caso da navegação marítima a altitude é sempre a mesma: 0 metros..

A latitude é calculada por navegação astronómica, mas a longitude é calculada (grosso modo) pela diferença horária entre o meridiano de lugar e o meridiano de referência o que pode ser feito com o recurso a dois cronógrafos - um com a hora do meridiano de referência e outro com a hora do meridiano do lugar.

Esta diferença horária é depois transformada em diferença em graus (24 horas correspondem a 360º).

A medição do tempo no mar alto era um problema devido à pouca (ou nenhuma) fiabilidafe dos instrumentos utilizados.

John Harrison, um relojoeiro inglês desenvolveu em 1695 um cronógrafo marítimo (após várias tentativas) que tinha um desvio de um terço de segundo por dia, o que lhe dava um boa fiabilidade.

Actualmente o GPS (Sistema de Posicionamento Global) é universalmente usado consistindo num conjunto de satélites artificias que enviam sinais para um receptor que, por triangulação, determina a posição exacta em que se encontra- com uma margem de erro de poucos metros (<5 metros).

 

   

GPS Naval.jpg

 GPS Náutico

 

 Os meus Portulanos

 Diogo Homem desenhou 3 Atlas, qual deles o mais maravilhoso, a saber:

 

"Atlas Náutico do Mar Mediterrâneo, do Mar Negro e do Nordeste do Oceano Atlântico" - 1559;

"Atlas do Mar Mediterrâneo, do Mar Negro e do Nordeste do Oceano Atlântico" - 1574;

"Portulano executado em Veneza" - 1572*

 

Deste último, elaborei seis Rosas-dos-Ventos das estampas 1, 2 e 6 bem como o mapa de Portugal da estampa 2 e montei dois portulanos que apresento em seguida. A forma dos portulanos pretende imitar a da pele de cabra curtida (pergaminho) que era usada a bordo para a elaboração do desenho das costas que se iam avistando.

 

 

 

 

 Portulano 1 

Rosas dos Ventos de Diogo Homem 

Portulano executado em Veneza em 1572

F6

 

 

 

 

 

Portulano 2

Rosas dos Ventos de Diogo Homem 

Portulano executado em Veneza em 1572

F1 e F2

Os quadros são em formato 42 X 30 cm e as Rosas-dos-Ventos são pintadas sobre papel pergaminho. São vendidos a €40,00 sem moldura.

 

* Seguindo o critério de classificação das cartas de marear apresentado anteriormente, este Atlas é composto de "cartas de latitude" e não de "portulanos"