10.03.15
12 - Rosas-dos-Ventos na Cartografia Antiga Portuguesa 4 - Portulanos 1 e 2
marearte
Caros amigos
Num dos postes anteriores abordei pela rama o conceito de portulano em cartografia (Post nº 7 - Rosas-dos-Ventos na Cartografia Antiga Portuguesa 3 - 16/04/2014).
Embora a evolução das cartas marítimas que serviram para a navegação desde a antiguidade não esteja suficientemente documentada, vou tentar aprofundar um pouco essa evolução desde c. 1296 (cartas Portulano), passando pelo aparecimento da carta Mercator em 1569, até aos nossos dias.
Estima-se que restem atualmente um pouco mais de uma centena de exemplares desses primitivos mapas.
Carta de Latitudes
A partir da segunda metade do século XV (navegações atlânticas) foram introduzidos na navegação métodos astronómicos (medição da altura da Estrela Polar e do Sol) o que permitiu a determinação da latitude e assim deu lugar ao uso do "ponto de esquadria", possibilitando a execução de cartas mais precisas a que podemos chamar "cartas de latitude". As cartas de latitude conjugam as linhas loxodrómicas com escalas de latitude.
Jorge Reinel - 1540
Projecção Mercator
Em 1569 Gerardus Mercator, cartógrafo belga revolucionou a cartografia ao representar o globo terrestre num rectângulo plano, através da chamada “Projeção de Mercator” que permite a representação da Terra, uma superfície curva, numa superfície plana com um mínimo de distorção nos pólos.
Esta projecção utiliza 24 linhas verticais (os meridianos) e 12 linhas horizontais (os paralelos) que aumentam a distância entre elas conforme se vão aproximando dos pólos o que permite o traçado de rotas através de "curvas-traçado" (loxodrómicas) bastante mais eficientes.
Projecção Mercator
Os nossos dias
Todos nós sabemos que a localização de um ponto sobre a superfície da terra é dada por três coordenadas: a latitude, a longitude e a altitude - no caso da navegação marítima a altitude é sempre a mesma: 0 metros..
A latitude é calculada por navegação astronómica, mas a longitude é calculada (grosso modo) pela diferença horária entre o meridiano de lugar e o meridiano de referência o que pode ser feito com o recurso a dois cronógrafos - um com a hora do meridiano de referência e outro com a hora do meridiano do lugar.
Esta diferença horária é depois transformada em diferença em graus (24 horas correspondem a 360º).
A medição do tempo no mar alto era um problema devido à pouca (ou nenhuma) fiabilidafe dos instrumentos utilizados.
John Harrison, um relojoeiro inglês desenvolveu em 1695 um cronógrafo marítimo (após várias tentativas) que tinha um desvio de um terço de segundo por dia, o que lhe dava um boa fiabilidade.
Actualmente o GPS (Sistema de Posicionamento Global) é universalmente usado consistindo num conjunto de satélites artificias que enviam sinais para um receptor que, por triangulação, determina a posição exacta em que se encontra- com uma margem de erro de poucos metros (<5 metros).
GPS Náutico
Os meus Portulanos
Diogo Homem desenhou 3 Atlas, qual deles o mais maravilhoso, a saber:
"Atlas Náutico do Mar Mediterrâneo, do Mar Negro e do Nordeste do Oceano Atlântico" - 1559;
"Atlas do Mar Mediterrâneo, do Mar Negro e do Nordeste do Oceano Atlântico" - 1574;
"Portulano executado em Veneza" - 1572*
Deste último, elaborei seis Rosas-dos-Ventos das estampas 1, 2 e 6 bem como o mapa de Portugal da estampa 2 e montei dois portulanos que apresento em seguida. A forma dos portulanos pretende imitar a da pele de cabra curtida (pergaminho) que era usada a bordo para a elaboração do desenho das costas que se iam avistando.
Portulano 1
Rosas dos Ventos de Diogo Homem
Portulano executado em Veneza em 1572
F6
Portulano 2
Rosas dos Ventos de Diogo Homem
Portulano executado em Veneza em 1572
F1 e F2
Os quadros são em formato 42 X 30 cm e as Rosas-dos-Ventos são pintadas sobre papel pergaminho. São vendidos a €40,00 sem moldura.
* Seguindo o critério de classificação das cartas de marear apresentado anteriormente, este Atlas é composto de "cartas de latitude" e não de "portulanos"