08.02.14
6 - Rosas-dos-Ventos na Cartografia Antiga Portuguesa 2
marearte
Caros amigos
Apontamento sobre a evolução da Rosa-dos-Ventos desde a Antiguidade Clássica até ao séc. XVI
No mundo Mediterrânico Antigo os pontos de direcção geográfica correspondiam, grosso modo, ao nome dos ventos concebidos pelos antigos gregos e romanos.
As Rosas-dos-Ventos dessas épocas tinham tipicamente 12 ventos que correspondiam a doze pontos de orientação, por vezes diminuídos para 8 ventos ou aumentados para 24 ventos.
Originalmente concebida como um ramo da meteorologia ( Meteorologia de Aristoteles c. 340 AC) a Rosa-dos-Ventos clássica, inicialmente teve apenas uma relação experimental com a navegação real acabando por ser incorporada na bússola moderna (8, 16, 32 pontos) adoptada pelos navegantes durante a Idade Média.
Entre os vários escritores e filósofos gregos que se dedicaram ao estudo ou se referem à Rosa-dos-Ventos destacam-se:
Homero (c.800 AC) - Rosa-dos-Ventos de 4/6 pontos cardeais (Ilíada e Odisseia);
Aristóteles (c.340 AC) - Rosa-dos-Ventos de 11/12 pontos cardeais;
Timóstenes de Rodes - (c.282 AC) - Rosa-dos-Ventos de 12 pontos cardeais;
Eratostenes de Cirene - 200 AC) - Rosa-dos-Ventos de 8 pontos cardeais.
A Antiguidade Clássica Romana também tem um forte contributo para a evolução da Rosa-dos-Ventos principalmente Vitrivius, Séneca e Plínio.
A Torre dos Ventos em Atenas
Foi onstruída por Andrónicos de Cirros (c.50 AC) mas é comum considerá-la construída em qualquer altura depois de 200 AC.
É constituída por 8 fachadas que têm cada uma, no topo, figuras representadas como Deuses correspondentes aos oito ventos a saber:
Boreas (N), Cécias (NE), Apéliote (E), Euros (SE), Notos (S), Lips (SW), Zéfiro (W) e Skiron (NW).
Gravura de Stuart Revett representando uma visita de turistas, possivelmente ingleses? à Torre dos Ventos (ainda parcialmente enterrada) em 1762.
A Torre dos Ventos na actualidade (1995). No friso central está representado Boreas (N), no do lado esquerdo Cécias (NE) e no do lado direito Skiron (NW)
Pormenor do friso com os três ventos referidos
Ao longo dos tempos os diferentes ventos e pontos cardeais das Rosas-dos-Ventos foram evoluíndo dentro das diferentes civilizações e períodos da história (aparecendo mais ventos e mudando alguns nomes).
Com o aparecimento das cartas portolano, originalmente em Génova (e logo a seguir em Veneza e também em Maiorca) nos inícios de 1300, as direcções da bússula passaram a ser 8 com os seguintes nomes:
Tramontana (N), Greco (NE), Levante (E), Siroco (SE), Ostro (S), Libeccio ou Garbino (SW), Ponente (W) e Maestro (NW).
Diogo Homem, cartógrafo português com uma vasta obra cartográfica da qual se destaca o Atlas de 1558, fez uma nova leitura da Rosa-dos-Ventos, tentando conciliar as diferentes perspectivas e nomenclaturas aparecidas desde a Antiguidade Clássica e fixou-a em 12 ventos (introduzindo 4 meios ventos) a saber:
Tramontana (N), Greco-Tramontana (NNE), Greco (NE), Levante (E), Sciroco (SE), Ostro-Sciroco (SSE), Ostro (S), Ostro-Libeccio (SSW), Libeccio (SW), Ponente (W), Maestro (NW) e Maestro-Tramontana (NNW).
Esquema da Rosa-dos-Ventos de Diogo Homem em nota ao Atlas de 1558
Como comprar
Da mesma forma que as anteriores Rosas-dos-Ventos, para comprar (30,00 Euros) basta contactar para o endereço
mareartenautilus@gmail.com
Atenção
Após ter ponderado o preço justo das rosas concluí que a rosa publicada anteriormente, (Rumos 5) pela simplicidade da sua construção, deveria ser diferenciada das restantes em termos de preço. Assim, a rosa anterior de Pedro Reinel - C.1504 têm o preço de 25,00 Euros.
Rumos 6 - Pero Fernandes - 1528
Rosa-dos-ventos que existia numa carta em pergaminho representando as costas da Europa Ocidental, do Mediterâneo Ocidental e do Noroeste da África bem como os arquipélagos Atlânticos e também a extremidade mais Oriental do Brasil.
Esta carta encontrava-se na “Sächsische Landesbibliothek”, em Dresden tendo sido lamentavelmente destruída na IIª Grande Guerra Mundial em conjunto com uma outra carta do mesmo cartógrafo, datada de C. 1525. Afortunadamente tinha sido perfeitamente reproduzida em 1903.
Publicada em “Portugaliæ Monumenta Cartographica”, Vol. I, 113-4, Estampa 42. INCM, 1978
Como se trata de uma cópia a sépia, a cor da rosa-dos-ventos foi retirada do site do Instituto Hidrográfico.
Bons ventos, que é o que a gente precisa, em todos os sentidos.